domingo, 11 de janeiro de 2009

FÉRIAS

Com a chegada das férias, muitas creches fecharam e algumas ficaram abertas para receberem as crianças em que os pais trabalhavam e não tinham com quem deixar. Quando passava em frente às creches que não iam abrir estas sonolentas ao meio de um gordo bocejo me cumprimentava:
_Bom dia! , Tia Vandeka como à senhora esta?
_Bom dia, creche querida! Eu estou muito bem. E você como vai indo?
_Des-can-san-do . Soletrava sonolenta a minha amiguinha creche.
Ma nem todas as creches estavam de férias, a creche Nazarena se preparava com enorme agitação para a chegada das crianças. As cortinas alegres dançavam no embalo do som do vento que entrava por todas as salas deixando seu cheiro fresco e agradável.
As paredes eram bem coloridas, era ilustrada com personagens de contos de fadas, que ansiosos com a chegada da garotada, só esperava não ter ninguém na sala para arrumar o penteado e alisar suas lindas vestes amarrotadas pela tinta velha da parede. O piso verde refletia a alegria das pessoinhas que entravam, brincando de esconde-esconde com a sombra delas.
Dona porta, uma senhora já de meia idade, gorda, branca com uma voz muito aguda, com seus rangidos que muito a tempo ganhara devido um reumatismo em suas juntas, falava quase recitando ao tocarem em sua maçaneta: _Entre, por favor!
As janelas com seus olhos enormes, não deixavam nada passar despercebidos, todo segundo tiinha algum comentário das pessoas que andavam pelo pátio, para falar para a galera da sala, o que deixava ansiosas as Jovens recém chegada carteiras com as cadeirinhas, que ficavam só cochichando, e de vez em outra soltavam deliciosas gargalhadas. A lousa, já um pouco avançada em idade e meio ranzinza ficava o tempo todo resmungando com o senhor giz, que insistia em fazer cócegas nela toda vez que alguém o pegava para escrever.
Não podia ser maior a expectativa para o grande dia, onde os solenes senhores portões abririam e num passe de mágica haveria corre-corre, barulho, brincadeiras, sons de vozes soletrando o lendário alfabeto, um cheiro bom de comida no ar, que enchia a boca de água, uma creche escrevendo a histórias de muitas vidas cheia de vida,
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário